Desde
o primeiro mandato do Presidente Lula as pesquisas mostram que a
direita mais radical sempre representou entre 5 a 10% do eleitorado.
As eleições de 2006 e 2010 mostraram que essa parcela da população,
que possui elevado poder aquisitivo e grande influência junto à
mídia, conseguia reunir mais 30 a 40% do eleitorado.
Nas
eleições de 2014, porém, a direita radical arrebanhou quase 45% do
eleitorado. O discurso moralista, apoiado na proteção midiática
sobre seus próprios malfeitos, jogou sobre o PT a pecha de partido
mais corrupto. Mas a ideologia de direita também empunha bandeiras
que encontram penetração nos medos e anseios da Classe C.
O
governo federal, que é socialmente de esquerda, não deve se furtar
a tomar para si essas bandeiras e suavizando-as, implantá-las na
medida do possível. Que bandeiras são essas e como tomá-las sem
abrir mão da ideologia?
É
preciso pensar em uma série de reformas da sociedade brasileira e,
para contribuir, apresentamos nossas propostas para apreciação:
A
Redução da Maioridade Penal: Podemos discordar dela, mas alguma
coisa deve ser feita. Travar o debate beneficia a quem? Que
alternativas há para que se possa evitá-la? A insegurança pública
assombra os moradores das grandes cidades e as drogas já estão
levando esse sentimento às médias e pequenas cidades. A experiência
mundial, ao longo do tempo, mostra que as pessoas são capazes de
abrir mão da própria liberdade quando estão com medo. E o medo é
perceptível nas grandes cidades e regiões metropolitanas
brasileiras, mais notadamente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Os
presídios estão super-lotados, mas a percepção das pessoas é que
a impunidade graça. Os programas de maior audiência da semana,
antes do horário nobre, são os programas policiais onde o
telespectador é bombardeado com a violência e a impunidade. “A
polícia prende e a justiça solta”. Adolescentes infratores
cometem as piores atrocidades e vão passar no máximo três ou
quatro anos em instituições que são escolas do crime.
Se
não concordamos em reduzir a maioridade penal, ao menos é preciso
aumentar o tempo de permanência do infrator no internamento de tal
modo que a sociedade o perceba como uma forma de punição, além da
ressocialização.
Sugerimos
ainda que o adolescente infrator que cometer assassinato, tráfico de
drogas e estupros seja julgado nas varas específicas, mas que o juiz
possa estabelecer sentenças que sejam cumpridas parte no
internamento e o restante em penitenciárias especialmente destinadas
a receber este tipo de apenado. Nossa sugestão é que o infrator
maior de 16 anos fique internado até completar 21 anos.
E
que o tempo de internamento e posterior prisão seja cumprido
executando atividades de trabalho que sejam revertidas em benefício
da sociedade. O cumprimento da sentença deve ser visto não como um
tempo em que a sociedade “paga para que eles se divirtam”, como a
ressocialização é comumente apresentada nos meios de comunicação.
E
que os rendimentos destes trabalhos sejam revertidos às famílias
das vítimas.
Para
adolescentes infratores na faixa etária de 12 a 16 anos, sugerimos o
Projeto Esparta, ao final deste texto.
Reforma
Carcerária: É preciso ir
na mesma linha de mostrar à sociedade que o preso é produtivo e não
apenas “sustentado por nossos impostos”. Presos de médio e bom
comportamento, não condenados por crimes bárbaros, hediondos, de
quadrilha ou tráfico de armas e drogas, deverão trabalhar em
unidades agrícolas instaladas em terras municipais, estaduais ou
federais, produzindo alimentos destinados às escolas públicas,
hospitais públicos, creches públicas, etc.
Também
poderão trabalhar na construção de pequenas obras contra seca ou
enchentes e na recuperação de vias de tráfego ou patrimônio
público de uso comum, como praças, pontos de ônibus, etc. Metade
dos rendimentos desse trabalho serão destinados aos familiares
diretos do preso (esposa, esposo, filhos) e dois dias a menos de
pena. Em todos os casos, os rendimentos e eventual redução de pena
devem estar atrelados à produtividade e ao comportamento.
A
outra metade dos rendimentos será revertida para criação de um
seguro, a ser pago às famílias de vítimas de crimes que resultem
em morte ou incapacidade física, desde que os próprios familiares
não sejam os autores do crime.
Os
presos condenados por crimes bárbaros, hediondos, de quadrilha ou
tráfico de armas e drogas, deverão trabalhar dentro dos presídios,
em atividades que não permitam acesso a ferramentas ou outros
objetos perigosos. A produção de tijolos por pressão poderia ser
uma opção, destinando a produção à construção de casas
populares. Os rendimentos e eventual redução de pena devem estar
atrelados à produtividade.
Na
próxima semana trataremos de uma das reformas mais necessárias: a
judicial. E da composição de alguns tribunais, livrando-os da
influência política.
PROJETO
ESPARTA
Adolescentes
infratores na faixa etária de 12 a 16 anos (reincidentes), teriam
sua guarda requisitada pelo Estado. Centros de Formação Social
seriam criados e entregues à administração das Forças Armadas
para receber estes jovens, educá-los, profissionalizá-los e
transformá-los em soldados cidadãos.
Esta
formação consistiria no internamento em instalações de tempo
integral, nas quais os jovens teriam instrução escolar, ensino
profissionalizante, atividades artísticas e culturais e instrução
militar.
Ao
completar 18 anos todos, inclusive as moças, prestariam o serviço
militar obrigatório e os mais destacados seriam encaminhados às
escolas de formação militar superior, e os demais encaminhados a
estágios ou empregos na sociedade civil.
Já
existe a ação direcionada à profissionalização dos recrutas, de
forma que isso seria apenas adaptado ao novo público e ampliado. Os
centros de formação devem ser localizados em áreas rurais,
distantes das cidades, para que o contato externo se dê apenas com
os familiares visitantes.
A
fiscalização destes processos de formação deve ser feita pelo MP,
CTDCAs, CMDCAs, entidades de proteção aos adolescentes e de
direitos humanos.
Continua... Clique aqui.
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