Implantação
de políticas que aprofundem e garantam as conquistas da nova classe
O
trabalhador que experimenta uma recuperação gradual de salário,
rapidamente passa a buscar, com sua família, acesso a bens de
consumo que antes não tinha. Compra de eletro-eletrônicos,
eletrodomésticos, móveis, a compra ou troca do carro, alguma
reforma da casa, um plano de saúde. Se tiver filhos, a escola
particular é o alvo prioritário.
Por
outro lado, no momento em que esses alvos tornam-se alcançáveis,
vem, também, a cobrança do Imposto de Renda. Todos sabem que,
proporcionalmente, o pobre paga mais imposto que o rico. Mas como
estes impostos vêm embutidos nos produtos e serviços, não são
visíveis e não incomodam tanto. Quando começa a pagar imposto de
renda, porém, isso fica visível e incômodo.
Visível
porque está lá no contra-cheque. Incômodo porque o trabalhador vê
uma parcela de seu salário ir embora e o que ele tem em retorno?
Os
postos de saúde não o atendem bem e nem com a rapidez necessária.
A marcação de alguns exames é torturante em alguns lugares e a
realização dos mesmos exames é algo que fica em um nebuloso futuro
distante.
A
escola pública onde os filhos dele estudam não possui, nem de
longe, a mesma estrutura que a escola particular. Além disso é
insegura e experimenta greves inúmeras vezes. Este trabalhador, pai
e mãe de família, começa a achar, e com razão, que aquele
dinheiro que está saindo de seu salário não está sendo devolvido
através de bons serviços públicos.
Note-se
que saúde e educação básica não são obrigações do governo
federal. Mas é para o governo federal que vai o IRPF. Quando a mídia
fala do impostômetro, propositalmente não mostra quanto vai para
estados e municípios. A culpa recai sobre o governo federal.
E
então surge a questão da corrupção. Para o trabalhador com pouco
acesso à informação qualificada e independente, os escândalos
geram um sentimento de que ele paga, não recebe bons serviços e,
ainda por cima, paga para que outros roubem. Mas qual o único
partido que aparece relacionado a esses casos pela mídia?
Dai
a necessidade de o governo montar um pacote de ações que beneficiem
diretamente esse trabalhador e sua família. Um conjunto de ações
que ofereçam mais e melhores serviços e alivie o bolso, tornando
mais leve a mordida do leão.
Mas...
o que pode ser feito? Vejamos algumas sugestões a serem analisadas.
Impostos:
- Correção da tabela do imposto de renda, isentando uma faixa maior de contribuintes e diminuindo alíquotas dos que possuem salários mais próximos do teto da classe C;
- Aumento dos percentuais de desconto e da quantidade de gastos dedutíveis, incluindo ai uma mais ampla tabela de despesas com atividades educacionais, culturais, esportivas, de lazer, turismo histórico e atividades comerciais que se pretenda incentivar;
- Redução de impostos federais para compra de produtos e serviços no ato do pagamento, mediante comprovação de faixas de renda. O mesmo deve valer para o micro e pequeno empresário que mantiver um quadro estável e regularizado de empregados. Estados e municípios podem fazer suas próprias versões destas ações;
- Nenhum dos benefícios acima pode ser tornado automático de modo que o beneficiado deixe de perceber a vantagem que lhe está sendo oferecida. Se o cidadão não perceber de forma clara quem (e com o quê) o está beneficiando, não será a grande mídia que vai alertá-lo, e cai-se no problema que assolou a relação dos mais jovens com o governo. Eles nem sentem o quão ajudadas foram suas famílias nos últimos anos;
- Redução dos salários dos marajás por meio de impostos. Fixar um teto de vencimentos para o funcionalismo dos três poderes nas três esferas de poder, inclusive nas empresas de economia mista considerando, por exemplo, o salário da Presidente da República. Quando os vencimentos brutos ultrapassarem esse valor, aplica-se um percentual de desconto que iguale o rendimento líquido a esse teto. Esse recurso volta para os cofres públicos da união, estados, municípios e das empresas de economia mista;
Saúde:
Os
três maiores gargalos da saúde que prejudicam a população são a
falta de médicos, a demora na marcação/realização de exames e a
falta de remédios nos postos de saúde. A falta de médicos vai
sendo suprida pelo Mais Médicos, mas agora será preciso criar o
Mais Exames e o Mais Remédios. E comunicar à população os
recursos encaminhados a Estados e Municípios para a saúde:
- É possível reduzir o tempo de espera para realização de exames com a construção de centros laboratoriais e de tratamento nas maiores cidades. A ideia é que estes centros sejam galpões simples e funcionais (de construção rápida) e que possuam capacidade de realizar exames e tratamentos em grandes quantidades, desde exames laboratoriais mais simples, até ressonâncias e afins.
- A construção e equipagem inicial deve ser feita pelo governo, mas a operação deve ser privada, permitindo rapidez de decisões. Profissionais recém-formados nas Universidades Federais e Escolas Técnicas ligadas à área da saúde podem ser contratados mas, se a demanda for maior, o Mais Médicos pode ser ampliado, como prometido, e trazer gente de fora para fazer os exames e operar os equipamentos;
- Estes centros também podem fornecer os remédios que as pessoas precisam. Não se trata de substituir as Prefeituras e o Estado nessa distribuição, mas de criar uma nova fonte. Isso vai deixar claro para a população que o Governo Federal está atuando onde Governadores e Prefeitos estão falhando;
- O governo deve dar conhecimento, todos os meses, através dos sites, aplicativos de notícias e dos jornais alternativos, dos recursos liberados aos estados e municípios com destinação para a saúde. “Dar a César o que é de César” e mostrar quem é quem na responsabilidade da saúde;
- Está mais do que na hora de regulamentar logo todo o processo de destinação dos recursos do Pré-Sal para saúde. Esta é uma fonte crescente de recursos capaz de financiar todas essas mudanças, mas para isso deve ter sua destinação efetivamente funcionando.
Estas
medidas em relação aos impostos e à saúde, se viáveis e
implantadas, aliviariam o bolso das famílias e esse dinheiro poderia
ser canalizado para investimentos em outras áreas do consumo
diversificado na esfera de amplos interesses da classe C. O país sai
ganhando duplamente mantendo o consumo e o nível de empregos
elevados.
Na
próxima semana trataremos da educação.
Continua... Clique aqui.
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