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terça-feira, 30 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
A CONQUISTA DA CLASSE C – Conclusão
As
propostas que apresentamos nos textos das semanas anteriores
representam a nossa opinião pessoal. Acreditamos nelas ao mesmo
tempo que sabemos serem apenas embriões a serem desenvolvidos com a
colaboração de todos.
Defendemos
a Constituinte Exclusiva, eleita de forma direta, e com ampla
participação dos movimentos sociais. Acreditamos que uma nova
sociedade vai poder surgir se todos participarem munidos de boa
vontade.
Ao
mesmo tempo defendemos o endurecimento rigoroso contra os movimentos
e manifestações de incitação ou defesa da violência e de
ilegalidades, racistas, xenófobos, preconceituosos,
discriminatórios e anti-democráticos que vêm ganhando força nos
últimos tempos.
Os
representantes do Ministério Público e das polícias que não
atuarem duramente para coibir tais práticas e fazer cumprir as
leis, devem ser processados por falta do cumprimento de seus
deveres.
Os
profissionais e meios de comunicação que divulgarem mensagens de
incitação ou defesa da violência e de ilegalidades, racistas,
xenófobos, preconceituosos, discriminatórios e anti-democráticos
devem ser suspensos, multados e punidos na forma da lei.
A
liberdade de expressão duramente conquistada com o sangue de tantos
mártires da democracia brasileira não pode ser confundida com a
liberdade de ofender ou atentar contra a própria democracia.
Por
fim, desejo à Presidenta Dilma Roussef um mandato de muitas
realizações, de mais ação político-partidária que possa
promover as ações gerenciais deste governo. Que ela se comunique
mais, fale mais, possa viajar mais pelo Brasil, visite as cidades,
facilite mais a liberação das boas emendas parlamentares, se
relacione melhor com sua base, fidelizando-a melhor.
Enfim,
que faça um segundo governo onde os pobres continuem melhorando de
vida e a classe C e a juventude sejam reconquistadas
definitivamente.
A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte VIII – Reforma Política
Ninguém
aguenta mais a falta de sintonia entre o Congresso Nacional e os
anseios da sociedade brasileira. Ninguém suporta mais a permanência
das oligarquias familiares políticas encasteladas no poder nos
Estados de todas as regiões do país.
Não
é mais possível conviver com a exclusividade com que o fisiologismo
permeia as relações institucionais entre o Executivo e o
Legislativo. Uma reforma político-partidária não é apenas
necessária... é urgente!
É
preciso encerrar com o reinado da criação indiscriminada de
partidos e com a existência das siglas naninas ou de aluguel. É
preciso eliminar as brechas pelas quais o poder econômico influencia
o resultado das eleições.
Nossas
propostas para uma reforma política são as seguintes:
- Sistema Presidencialista. Não ao voto distrital. Uma pessoa, um voto.
- Permitir a existência de apenas 7 partidos. Extinção de todos os partidos, menos os 4 com maior número de deputados federais eleitos em 2014. Criação de 3 novos partidos para acomodação dos filiados dos partidos extintos;
- Financiamento público das campanhas com recursos exclusivamente oriundos do fundo partidário, distribuídos conforme se dá hoje em dia, e das contribuições de filiados. Em anos eleitorais os recursos destinados ao fundo partidário devem aumentar em 100%;
- Unificação das eleições federal, estaduais e municipais;
- Extinção de 25% das vagas legislativas no Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Mantidas as proporções atuais das vagas por Estado na Câmara dos Deputados. Redução de Senadores ao número de 2 por Estado.
- Mandato de 04 anos, permitida uma reeleição para qualquer cargo, inclusive os legislativos, exceto Senadores, que terão um único mandato de oito anos. Os mandatos deverão ser cumpridos integralmente, com exceção das interrupções por incapacidade, morte, cassação ou impeachment. Não haverá substituição para o parlamentar afastado temporariamente por qualquer motivo. O político que for reeleito só poderá voltar a concorrer quando passado um mandato inteiro após deixar o cargo;
- Fim total das coligações partidárias e votos de legenda;
- O voto não se dará mais por candidato, mas por partido. A votação terá os níveis federal, estadual e municipal. Em cada nível o eleitor pode escolher um partido e o percentual de votos de cada partido determina o ranking eleitoral.Exemplo: na eleição do nível municipal o partido A recebeu 40% dos votos, o B 21%, o C 15%, o D 10%, o E 6%, o F 5% e o G 3%. Este é o percentual de vereadores que cada um vai eleger. Frações percentuais revertem em benefício ao partido mais votado na disputa da vaga. A escolha do prefeito vai ao segundo turno, disputada entre os partidos A e B.Suponhamos que, no nível estadual, o partido B recebeu 53% dos votos, o A 22%, o C 5%, o D 10%, o E 6%, o F 2% e o G 2%. Este é o percentual de deputados estaduais que cada um vai eleger. Frações percentuais revertem em benefício ao partido mais votado na disputa da vaga. A escolha do governador não precisará de segundo turno.Por fim, suponhamos que, no nível federal, em determinado Estado, o partido C recebeu 60% dos votos, o A 15%, o C 5%, o D 10%, o E 6%, o F 2% e o G 2%. Este é o percentual de deputados federais que cada um vai eleger naquele Estado. Frações percentuais revertem em benefício ao partido mais votado na disputa da vaga. O partido C elege um Senador e o Partido A elege o outro. Como o mandato de Senador é de 8 anos, as eleições para o Senado só vão ocorrer de 8 em 8 anos. A escolha do Presidente(a) em primeiro ou segundo turno depende da votação nacional;
- Os partidos deverão apresentar candidatos para todos os cargos em disputa nos três níveis eleitorais, ou abster-se de participar nos níveis nos quais não for possível apresentar candidatura majoritária. O número de candidatos legislativos por partido não deve ultrapassar o número de vagas em disputa;
- Todos os partidos devem realizar convenções nacionais, estaduais e municipais. Estas convenções devem definir as listas e a ordem de candidatos a serem eleitos de acordo com a votação. Se o partido possuir tendências inconciliáveis dentro de suas fileiras, devem ser realizadas prévias partidárias e o percentual de votação de cada tendência destas prévias vai compor a lista e a ordem de candidatos eleitos de acordo com a votação conquistada. As listas e a ordem de candidatos deve ser amplamente divulgada aos eleitores;
- Extingue-se o cargo do suplente de senador. A vacância de um posto no Senado Federal será ocupada pelo próximo partido melhor colocado na eleição estadual. Se o candidato de um dos partidos não assumir o posto por qualquer motivo, não pode ser trocado, a vaga passa para o próximo partido. Se nenhum partido puder assumir a vaga, o partido mais votado deve realizar uma prévia para apontar o senador, pois a vaga original é do partido. No caso de deputados e vereadores os postos vagos serão ocupados pelo próximo candidato na lista do partido cuja cadeira está vaga;
- No período eleitoral, que vai da data final para as convenções até o dia da votação do segundo turno em Estados e Municípios, a última instância jurídica eleitoral, inclusive para direitos de resposta, são os plenos dos TREs. No plano federal a última instância é o pleno do TSE;
- O horário eleitoral gratuito ocorrerá todos os dias desde 60 dias antes do pleito eleitoral e o tempo de rádio e TV deve ser dividido como é atualmente. A distribuição da propaganda deve destinar três dias da semana para os candidatos a presidente, dois dias para as eleições estaduais e dois dias para as eleições municipais, por semana. O horário eleitoral será exibido até a véspera da eleição;
- As pesquisas eleitorais servirão apenas para consumo interno dos partidos e não poderão ser divulgadas. A divulgação de pesquisas acarretará multa de um milhão de reais ao: Meio de comunicação utilizado para divulgação, partidos, candidatos e pessoas que forem identificadas como responsáveis pelo ilícito;
- Os debates eleitorais só poderão ocorrer até o quinto dia útil antes das votações;
- Durante o mandato, nos poderes legislativos, as bancadas dos partidos podem formar blocos de situação, oposição e independentes.
Na sequência, a conclusão.
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A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte VII – Reforma dos Meios de Comunicação
O
Brasil não se vê na TV brasileira. O Nordestino e o Sulista são
estereotipados. O Nortista e o brasileiro do Centro-Oeste raramente
aparecem. As diferenças internas do Sudeste também não são vistas
na TV brasileira. Onde estão os mineiros e os capixabas?
O
conteúdo da TV brasileira mostra apenas a menor parcela de cariocas
e paulistas. O negro e o índio só ocupam os papéis subalternos na
ficção e a realidade raramente é mostrada de maneira não
depreciativa.
É
urgente reformar a mídia brasileira para que saia da posse de
algumas poucas famílias e afaste-se, o mais possível, da influência
político-partidária.
Reforma
de Imprensa: Jornais, revistas e sites de notícia seguem sem
alterações. Livres circulação, produção de conteúdo e venda de
espaços publicitários a particulares;
A
aquisição de assinaturas por parte dos órgãos públicos,
federais, estaduais e municipais, dos Executivos, Legislativos e
Judiciários, não poderá ser feita sem a devida licitação
pública, a menos que todas as publicações disponíveis sejam
adquiridas na mesma quantidade;
Implantação
de um sistema público de medição de audiência e verificação de
tiragem/vendagem, para distribuição de verbas publicitárias por
parte dos órgãos públicos, federais, estaduais e municipais, dos
Executivos, Legislativos e Judiciários;
Fica
estabelecido o direito de resposta imediato, sem necessidade de
sentença judicial, com o mesmo destaque da matéria, editorial,
coluna ou reportagem geradora do pedido, a ser publicado no dia
seguinte à solicitação da resposta.
O
solicitante pode escolher o momento mais conveniente para solicitar o
direito de resposta;
A
resposta publicada deverá permanecer disponível ao público pelo
mesmo tempo que ficou disponível a matéria geradora do pedido;
A
negativa comprovada de publicação pode ser denunciada à Justiça,
que terá prazo de um dia para responder. Se a sentença judicial for
favorável ao solicitante, o veículo denunciado será obrigado à
publicação imediata, estabelecendo-se multa igual ao faturamento da
edição por dia de descumprimento. Não poderá ser concedida
liminar que suspenda o direito de resposta. Instâncias judiciais
superiores só poderão decidir sobre a permanência ou não da
publicação da resposta;
As
futuras concessões de Tvs e rádios não podem ser dadas a famílias
que tenham membros, até o segundo grau de parentesco, envolvivos na
política. As atuais concessões não devem ser renovadas. Novas
concessões, com prazo estabelecido em no máximo 20 anos, só devem
ser dadas mediante concorrência pública;
Uma
mesma família não pode ser detentora de mais de uma concessão de
TV, ou de rádio. As famílias com duas ou mais concessões de TV ou
de rádio, devem optar por uma e as restantes devem ser devolvidas ao
governo, para realização de concorrência pública. A mesma regra
deve valer para as Tvs por assinatura e de internet;
As
concorrências para concessão devem:
- Exigir grades de programação com 60% de conteúdo local ou regional no horário de 06 às 23hs;
- Permitir a comercialização, entre as emissoras, de programas de entretenimento, documentários, novelas, séries, jogos e matérias jornalísticas;
- Os telejornais deverão ser locais ou regionais, obedecendo aos critérios de conteúdo regional e local com percentuais de 60%, divididos entre eles, com os 40% restantes de conteúdo nacional. Esses percentuais podem ser cumpridos com a compra e venda de matérias jornalísticas entre as emissoras;
Transmissões
Esportivas: Os esportes nacionais, principalmente o futebol, como
esporte preferido do povo brasileiro, não podem ter a transmissão
de seus campeonatos como propriedade exclusiva de uma emissora de TV,
com exceção das competições organizadas por entidades
internacionais.
As
confederações, federações ou os clubes devem fixar cotas de
transmissão a serem pagas pelas emissoras interessadas de modo a
haver sempre, no mínimo, duas emissoras habilitadas a transmitir os
jogos dos campeonatos.
Na
transmissão, as emissoras concorrentes não poderão transmitir o
mesmo jogo ou competição, devem sempre transmitir jogos ou
competições diferentes, de modo a oferecer várias opções aos
telespectadores. Exemplo: a tv ou rádio A vai transmitir o jogo
Fulanos x Ciclanos, logo, a emissora B não pode transmitir o mesmo
jogo, o mesmo com as emissoras C, D, E ou F. Desta forma os
telespectadores e ouvintes terão, neste caso, 6 jogos para escolher.
Nos
jogos em que os campeonatos vão se afunilando, divide-se a
transmissão. Exemplo: Se há 2 jogos semi-finais (nas mesmas datas e
horários), e 4 emissoras, 2 transmitem um jogo e 2 transmitem o
outro. Nos jogos finais todas podem transmitir o mesmo jogo.
Que
emissora vai transmitir qual jogo será determinado pelo valor das
cotas pagas à entidade organizadora do torneio. Quem pagar mais caro
poderá escolher os jogos com expectativa de maior audiência.
O
Brasil vai se ver mais na TV. Por inteiro. E vai se ouvir mais no
rádio.
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A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte VI – Reforma Judicial
A
percepção da sociedade em relação à Justiça (que não é apenas
percepção, mas realidade), é que funciona 100% apenas para os
ricos. E que a cadeia é apenas para PPPs. Tomo a liberdade de
acrescentar mais um P, que o leitor atento sabe quem é.
O
governo precisa tomar a iniciativa de fazer uma reforma nos processos
judiciais pois a sociedade percebe que a imensa quantidade de
recursos que é possível apresentar pelos advogados é o que permite
a impunidade. E também é necessário democratizar o acesso aos
tribunais, de modo que não sejam instrumentos políticos, nem do
governo e nem da oposição.
Reforma
Judicial: fim dos recursos protelatórios. O processo penal
preverá apenas dois recursos entre cada instância. Todas as
requisições da defesa ou da acusação devem ser incluídas nestes
recursos.
Presidentes
e ex-Presidentes, Ministros de Estado, Governadores e
ex-Governadores, Senadores e Deputados Federais só poderão ser
julgados pelo STF, mantendo-se o direito aos embargos infringentes.
Renúncia de mandato não permite mudança de instância de
julgamento.
Promotores
e Procuradores que engavetarem denúncias bem embasadas, ou atrasarem
o andamento de investigações e procedimentos, serão processados e
afastados de seus cargos, sem vencimentos, até que o processo
administrativo seja concluído.
Concurso
público para os Tribunais de Contas dos Municípios, Estados e da
União: com participação permitida para pessoas com formação
em direito, contabilidade, engenharia e administração.
Pré-requisito: jamais ter ocupado cargo público de confiança de
primeiro, segundo ou terceiro escalão. Durante o exercício de seus
cargos, os familiares diretos do Conselheiro não poderão ocupar
cargos públicos. Após a aposentadoria ou renúncia, o Conselheiro
deve aguardar cinco anos até poder ocupar cargos públicos;
Concurso
público para Desembargadores e Juízes de Tribunais Regionais:
com participação permitida a advogados, promotores e juízes.
Pré-requisito: jamais ter ocupado cargo público de confiança de
primeiro, segundo ou terceiro escalão. Após a aposentadoria ou
renúncia, o magistrado deverá aguardar cinco anos até poder ocupar
cargos públicos;
O
fim da torrente de recursos vai acelerar os processos e permitir a
conclusão bem mais rápida deles. A sensação de impunidade vai
diminuir muito.
Os
concursos públicos para composição de tribunais de contas e cortes
estaduais e regionais vai democratizar o acesso e excluir a
influência político-partidária tão danosa à Justiça.
O
próximo texto vai tratar da reforma mais libertadora para o Brasil:
a reforma dos meios de comunicação. Sem censura, mas com o
incentivo ao conteúdo regional.
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A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte V – Bandeiras da Direita
Desde
o primeiro mandato do Presidente Lula as pesquisas mostram que a
direita mais radical sempre representou entre 5 a 10% do eleitorado.
As eleições de 2006 e 2010 mostraram que essa parcela da população,
que possui elevado poder aquisitivo e grande influência junto à
mídia, conseguia reunir mais 30 a 40% do eleitorado.
Nas
eleições de 2014, porém, a direita radical arrebanhou quase 45% do
eleitorado. O discurso moralista, apoiado na proteção midiática
sobre seus próprios malfeitos, jogou sobre o PT a pecha de partido
mais corrupto. Mas a ideologia de direita também empunha bandeiras
que encontram penetração nos medos e anseios da Classe C.
O
governo federal, que é socialmente de esquerda, não deve se furtar
a tomar para si essas bandeiras e suavizando-as, implantá-las na
medida do possível. Que bandeiras são essas e como tomá-las sem
abrir mão da ideologia?
É
preciso pensar em uma série de reformas da sociedade brasileira e,
para contribuir, apresentamos nossas propostas para apreciação:
A
Redução da Maioridade Penal: Podemos discordar dela, mas alguma
coisa deve ser feita. Travar o debate beneficia a quem? Que
alternativas há para que se possa evitá-la? A insegurança pública
assombra os moradores das grandes cidades e as drogas já estão
levando esse sentimento às médias e pequenas cidades. A experiência
mundial, ao longo do tempo, mostra que as pessoas são capazes de
abrir mão da própria liberdade quando estão com medo. E o medo é
perceptível nas grandes cidades e regiões metropolitanas
brasileiras, mais notadamente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Os
presídios estão super-lotados, mas a percepção das pessoas é que
a impunidade graça. Os programas de maior audiência da semana,
antes do horário nobre, são os programas policiais onde o
telespectador é bombardeado com a violência e a impunidade. “A
polícia prende e a justiça solta”. Adolescentes infratores
cometem as piores atrocidades e vão passar no máximo três ou
quatro anos em instituições que são escolas do crime.
Se
não concordamos em reduzir a maioridade penal, ao menos é preciso
aumentar o tempo de permanência do infrator no internamento de tal
modo que a sociedade o perceba como uma forma de punição, além da
ressocialização.
Sugerimos
ainda que o adolescente infrator que cometer assassinato, tráfico de
drogas e estupros seja julgado nas varas específicas, mas que o juiz
possa estabelecer sentenças que sejam cumpridas parte no
internamento e o restante em penitenciárias especialmente destinadas
a receber este tipo de apenado. Nossa sugestão é que o infrator
maior de 16 anos fique internado até completar 21 anos.
E
que o tempo de internamento e posterior prisão seja cumprido
executando atividades de trabalho que sejam revertidas em benefício
da sociedade. O cumprimento da sentença deve ser visto não como um
tempo em que a sociedade “paga para que eles se divirtam”, como a
ressocialização é comumente apresentada nos meios de comunicação.
E
que os rendimentos destes trabalhos sejam revertidos às famílias
das vítimas.
Para
adolescentes infratores na faixa etária de 12 a 16 anos, sugerimos o
Projeto Esparta, ao final deste texto.
Reforma
Carcerária: É preciso ir
na mesma linha de mostrar à sociedade que o preso é produtivo e não
apenas “sustentado por nossos impostos”. Presos de médio e bom
comportamento, não condenados por crimes bárbaros, hediondos, de
quadrilha ou tráfico de armas e drogas, deverão trabalhar em
unidades agrícolas instaladas em terras municipais, estaduais ou
federais, produzindo alimentos destinados às escolas públicas,
hospitais públicos, creches públicas, etc.
Também
poderão trabalhar na construção de pequenas obras contra seca ou
enchentes e na recuperação de vias de tráfego ou patrimônio
público de uso comum, como praças, pontos de ônibus, etc. Metade
dos rendimentos desse trabalho serão destinados aos familiares
diretos do preso (esposa, esposo, filhos) e dois dias a menos de
pena. Em todos os casos, os rendimentos e eventual redução de pena
devem estar atrelados à produtividade e ao comportamento.
A
outra metade dos rendimentos será revertida para criação de um
seguro, a ser pago às famílias de vítimas de crimes que resultem
em morte ou incapacidade física, desde que os próprios familiares
não sejam os autores do crime.
Os
presos condenados por crimes bárbaros, hediondos, de quadrilha ou
tráfico de armas e drogas, deverão trabalhar dentro dos presídios,
em atividades que não permitam acesso a ferramentas ou outros
objetos perigosos. A produção de tijolos por pressão poderia ser
uma opção, destinando a produção à construção de casas
populares. Os rendimentos e eventual redução de pena devem estar
atrelados à produtividade.
Na
próxima semana trataremos de uma das reformas mais necessárias: a
judicial. E da composição de alguns tribunais, livrando-os da
influência política.
PROJETO
ESPARTA
Adolescentes
infratores na faixa etária de 12 a 16 anos (reincidentes), teriam
sua guarda requisitada pelo Estado. Centros de Formação Social
seriam criados e entregues à administração das Forças Armadas
para receber estes jovens, educá-los, profissionalizá-los e
transformá-los em soldados cidadãos.
Esta
formação consistiria no internamento em instalações de tempo
integral, nas quais os jovens teriam instrução escolar, ensino
profissionalizante, atividades artísticas e culturais e instrução
militar.
Ao
completar 18 anos todos, inclusive as moças, prestariam o serviço
militar obrigatório e os mais destacados seriam encaminhados às
escolas de formação militar superior, e os demais encaminhados a
estágios ou empregos na sociedade civil.
Já
existe a ação direcionada à profissionalização dos recrutas, de
forma que isso seria apenas adaptado ao novo público e ampliado. Os
centros de formação devem ser localizados em áreas rurais,
distantes das cidades, para que o contato externo se dê apenas com
os familiares visitantes.
A
fiscalização destes processos de formação deve ser feita pelo MP,
CTDCAs, CMDCAs, entidades de proteção aos adolescentes e de
direitos humanos.
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A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte IV - Educação
Vejamos
agora algumas sugestões a serem analisadas para a educação:
Educação
Básica: criar o PROEPA, com a compra de vagas ociosas em escolas
particulares para ofertar aos alunos da esfera pública que obtiverem
os melhores índices de aproveitamento em exames nacionais;
Transporte
Público: isentar os estudantes de famílias com renda inferior a
quatro salários mínimos e menores de 21 anos, do pagamento de
transporte. Um cadastro nacional deve ser feito para emissão de um
cartão para cada estudante que se encaixe. A contra-partida deve ser
a assiduidade escolar e as notas. A compensação financeira às
empresas de ônibus deve vir da isenção de impostos federais para
combustíveis e peças de manutenção dos veículos;
Educação
Superior: o grande sonho de todo pai/mãe de família,
principalmente o que chega à Classe C, é ver os filhos formados na
faculdade ou profissionalizados. O PROUNI e o PRONATEC ajudaram muito
nisso, mas as universidades públicas ainda estão mais ao alcance
dos estudantes oriundos das escolas particulares e cursinhos por
conta da educação pública ainda ser muito fraca.
As
deficiências das esferas estadual e municipal na educação básica
podem ser compensadas com a oferta de cursinhos preparatórios para o
ENEM. O governo pode implantar esses cursinhos nas próprias escolas,
em horários noturnos, ou construir novos centros, semelhantes aos
galpões de exames médicos que sugerimos antes, talvez até anexos a
estes, para aproveitar mais os terrenos. Mais uma vez, a
administração e contratação deve ser privada, para tomada de
decisões mais rápidas;
Primeiro
Emprego: Os cursinhos gerariam empregos para os novos professores
formados, mas só isso não basta. O governo pode criar programas
educacionais e de atendimento para regiões desassistidas do país
que incluam a contratação temporária dos jovens que se formarem
nas universidades públicas. Tal medida vai realizar o próximo sonho
do pai/mãe de família que chega à Classe C, que é ver os filhos
trabalhando na profissão escolhida. A experiência nos programas vai
ser preciosa no futuro encaixe do novo profissional no mercado de
trabalho quando o serviço público terminar;
Educação
Especializada (pós, mestrado e doutorado): o governo deve
incentivar a abertura de mais cursos, fazer um PROUNI para mestrado e
doutorado, incentivar que esses cursos sejam sempre, ou tenham a
opção, de serem realizados no período noturno, pois os cursos
diúrnos excluem o trabalhador. As universidades federais devem ser
incentivadas a criar cursos de pós, mestrado e doutorado à
distância, com os devidos cuidados de qualidade, possibilitando a
especialização dos profissionais que moram mais longe e para
ampliar a oferta;
O
governo deve dar conhecimento, todos os meses, através dos sites,
aplicativos de notícias e dos jornais alternativos, dos recursos
liberados aos estados e municípios com destinação para a educação.
“Dar a César o que é de César” e mostrar quem é quem na
responsabilidade da educação.
Está
mais do que na hora de regulamentar logo todo o processo de
destinação dos recursos do Pré-Sal para educação. Esta é uma
fonte crescente de recursos capaz de financiar todas essas mudanças,
mas para isso deve ter sua destinação efetivamente funcionando.
Estas
medidas em relação à educação, se viáveis e implantadas,
democratizariam ainda mais a educação pública, ampliariam o acesso
à universidade e à especialização. Esta, por sua vez, permitiria
um incremento significativo na qualidade técnica dos serviços, na
pesquisa e na produção do conhecimento.
Também
aliviariam o bolso das famílias em relação aos gastos com educação
e esse dinheiro poderia ser canalizado para investimentos em outras
áreas do consumo diversificado na esfera de amplos interesses da
classe C. O país sai ganhando duplamente, mantendo o consumo em
alta.
Na
próxima semana trataremos da tomada de algumas bandeiras da direita.
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A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte III – Impostos e Saúde
Implantação
de políticas que aprofundem e garantam as conquistas da nova classe
O
trabalhador que experimenta uma recuperação gradual de salário,
rapidamente passa a buscar, com sua família, acesso a bens de
consumo que antes não tinha. Compra de eletro-eletrônicos,
eletrodomésticos, móveis, a compra ou troca do carro, alguma
reforma da casa, um plano de saúde. Se tiver filhos, a escola
particular é o alvo prioritário.
Por
outro lado, no momento em que esses alvos tornam-se alcançáveis,
vem, também, a cobrança do Imposto de Renda. Todos sabem que,
proporcionalmente, o pobre paga mais imposto que o rico. Mas como
estes impostos vêm embutidos nos produtos e serviços, não são
visíveis e não incomodam tanto. Quando começa a pagar imposto de
renda, porém, isso fica visível e incômodo.
Visível
porque está lá no contra-cheque. Incômodo porque o trabalhador vê
uma parcela de seu salário ir embora e o que ele tem em retorno?
Os
postos de saúde não o atendem bem e nem com a rapidez necessária.
A marcação de alguns exames é torturante em alguns lugares e a
realização dos mesmos exames é algo que fica em um nebuloso futuro
distante.
A
escola pública onde os filhos dele estudam não possui, nem de
longe, a mesma estrutura que a escola particular. Além disso é
insegura e experimenta greves inúmeras vezes. Este trabalhador, pai
e mãe de família, começa a achar, e com razão, que aquele
dinheiro que está saindo de seu salário não está sendo devolvido
através de bons serviços públicos.
Note-se
que saúde e educação básica não são obrigações do governo
federal. Mas é para o governo federal que vai o IRPF. Quando a mídia
fala do impostômetro, propositalmente não mostra quanto vai para
estados e municípios. A culpa recai sobre o governo federal.
E
então surge a questão da corrupção. Para o trabalhador com pouco
acesso à informação qualificada e independente, os escândalos
geram um sentimento de que ele paga, não recebe bons serviços e,
ainda por cima, paga para que outros roubem. Mas qual o único
partido que aparece relacionado a esses casos pela mídia?
Dai
a necessidade de o governo montar um pacote de ações que beneficiem
diretamente esse trabalhador e sua família. Um conjunto de ações
que ofereçam mais e melhores serviços e alivie o bolso, tornando
mais leve a mordida do leão.
Mas...
o que pode ser feito? Vejamos algumas sugestões a serem analisadas.
Impostos:
- Correção da tabela do imposto de renda, isentando uma faixa maior de contribuintes e diminuindo alíquotas dos que possuem salários mais próximos do teto da classe C;
- Aumento dos percentuais de desconto e da quantidade de gastos dedutíveis, incluindo ai uma mais ampla tabela de despesas com atividades educacionais, culturais, esportivas, de lazer, turismo histórico e atividades comerciais que se pretenda incentivar;
- Redução de impostos federais para compra de produtos e serviços no ato do pagamento, mediante comprovação de faixas de renda. O mesmo deve valer para o micro e pequeno empresário que mantiver um quadro estável e regularizado de empregados. Estados e municípios podem fazer suas próprias versões destas ações;
- Nenhum dos benefícios acima pode ser tornado automático de modo que o beneficiado deixe de perceber a vantagem que lhe está sendo oferecida. Se o cidadão não perceber de forma clara quem (e com o quê) o está beneficiando, não será a grande mídia que vai alertá-lo, e cai-se no problema que assolou a relação dos mais jovens com o governo. Eles nem sentem o quão ajudadas foram suas famílias nos últimos anos;
- Redução dos salários dos marajás por meio de impostos. Fixar um teto de vencimentos para o funcionalismo dos três poderes nas três esferas de poder, inclusive nas empresas de economia mista considerando, por exemplo, o salário da Presidente da República. Quando os vencimentos brutos ultrapassarem esse valor, aplica-se um percentual de desconto que iguale o rendimento líquido a esse teto. Esse recurso volta para os cofres públicos da união, estados, municípios e das empresas de economia mista;
Saúde:
Os
três maiores gargalos da saúde que prejudicam a população são a
falta de médicos, a demora na marcação/realização de exames e a
falta de remédios nos postos de saúde. A falta de médicos vai
sendo suprida pelo Mais Médicos, mas agora será preciso criar o
Mais Exames e o Mais Remédios. E comunicar à população os
recursos encaminhados a Estados e Municípios para a saúde:
- É possível reduzir o tempo de espera para realização de exames com a construção de centros laboratoriais e de tratamento nas maiores cidades. A ideia é que estes centros sejam galpões simples e funcionais (de construção rápida) e que possuam capacidade de realizar exames e tratamentos em grandes quantidades, desde exames laboratoriais mais simples, até ressonâncias e afins.
- A construção e equipagem inicial deve ser feita pelo governo, mas a operação deve ser privada, permitindo rapidez de decisões. Profissionais recém-formados nas Universidades Federais e Escolas Técnicas ligadas à área da saúde podem ser contratados mas, se a demanda for maior, o Mais Médicos pode ser ampliado, como prometido, e trazer gente de fora para fazer os exames e operar os equipamentos;
- Estes centros também podem fornecer os remédios que as pessoas precisam. Não se trata de substituir as Prefeituras e o Estado nessa distribuição, mas de criar uma nova fonte. Isso vai deixar claro para a população que o Governo Federal está atuando onde Governadores e Prefeitos estão falhando;
- O governo deve dar conhecimento, todos os meses, através dos sites, aplicativos de notícias e dos jornais alternativos, dos recursos liberados aos estados e municípios com destinação para a saúde. “Dar a César o que é de César” e mostrar quem é quem na responsabilidade da saúde;
- Está mais do que na hora de regulamentar logo todo o processo de destinação dos recursos do Pré-Sal para saúde. Esta é uma fonte crescente de recursos capaz de financiar todas essas mudanças, mas para isso deve ter sua destinação efetivamente funcionando.
Estas
medidas em relação aos impostos e à saúde, se viáveis e
implantadas, aliviariam o bolso das famílias e esse dinheiro poderia
ser canalizado para investimentos em outras áreas do consumo
diversificado na esfera de amplos interesses da classe C. O país sai
ganhando duplamente mantendo o consumo e o nível de empregos
elevados.
Na
próxima semana trataremos da educação.
Continua... Clique aqui.
A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte II – Comunicação e Informação
Problema:
Desinformação ou distorção da informação proposital pela mídia
O
trabalhador comum, notadamente o das grandes cidades e regiões
metropolitanas, cumpre carga horária de 8 horas diárias ou mais,
fora o deslocamento. Como ele se informa? Pelos noticiários
noturnos, jornais/revistas e a internet. Percentuais decrescentes
para a mídia escrita, mas ainda influente através de suas capas.
O
resultado disso é que o maior beneficiado pelas conquistas sociais
dos últimos anos não está relacionando sua ascensão às ações
do governo, mas atribui a este as mazelas na saúde, que é
municipalizada, e na educação de seus filhos, responsabilidade dos
estados e municípios, além de outros.
Este
trabalhador, pelo que lê ou assiste, acha que o partido do governo é
o mais corrupto de todos quando a Presidente Dilma é, de todos os
presidentes desde a volta da democracia, a menos tolerante com a
corrupção.
Sugestão:
Combate ao acesso ainda limitado aos meios de informação
alternativos
O
uso da internet cresce, mas a grande maioria do trabalhador comum não
tem tempo para navegar nos sites alternativos, pois a maior parte das
empresas proíbe a navegação em horário de trabalho, de modo que o
uso da rede se dá nos poucos intervalos e/ou no almoço, o que
significa rápida checada nas redes sociais (onde a informação é
distorcida, pois a maior parte das repercussões são originadas da
própria mídia, através dos compartilhamentos) ou em sites mais
tradicionais, veículos da própria grande mídia. Como combater
isso?
A
regulamentação é necessária, mas nada garante que o conteúdo irá
mudar. É preciso regulamentar mas, também, criar meios para fazer
chegar uma informação mais qualificada e menos distorcida às
pessoas.
Problema:
Falha na comunicação do governo
O
governo, me parece, erra ao não falar mais diretamente à classe C e
ao não identificar de modo consistente os anseios destas pessoas,
para atendê-los. O governo não estaria percebendo que as pessoas
quando ascendem socialmente logo vão se tornando conservadoras, vão
para o centro e, se não forem bem informadas, acabam indo para a
direita.
Penso
que se a direita tivesse vindo com outro candidato ou modificado
apenas um pouco sua estratégia, teria vencido as eleições apenas
por conta dessa onda conservadora que varreu o sul. E nem precisaria
de uma bala de prata.
O
que fazer?
Criar
meios de contato mais direto com a população, notadamente a nova
classe C, através de seus trabalhadores e estudantes.
Boletins
de notícias poderiam ser produzidos em parceria com sindicatos,
outras entidades de classe, associações, escolas e igrejas, etc, e
distribuídos nestes locais e, também, nos grandes centros
comerciais, nos calçadões, shopings e ruas de consumo das cidades,
universidades e escolas de todos os tipos. Também poderiam ser
vendidos a preços simbólicos.
Aplicativos
para celulares com serviços públicos, orientações de saúde e
educacionais ou outros assuntos de interesse poderiam ser criados e,
ao mesmo tempo, conter divulgação de notícias, notadamente aquelas
conquistas sociais que a mídia não divulga.
Democratizar
ainda mais a distribuição das verbas publicitárias, investir nas
rádios e jornais comunitários, religiosos e do interior. Comprar
espaços de divulgação e mostrar as histórias de pessoas e suas
conquistas sociais, comover, fazer ver que as coisas estão mudando e
melhorando.
Incentivar
os programas mais populares da TV à produção de reportagens que
mostrem o Brasil profundo, que recebe ajuda dos programas sociais mas
que trabalha e cresce, melhorando de vida.
Produzir
(e exibir nos cinemas antes dos filmes) documentários curtos com
histórias de beneficiários do Bolsa Família e outros programas
sociais que trabalham na roça ou nas periferias, mostrar seus
avanços, mostrar o progresso de seus filhos nas escolas e a
perspectiva de progresso futuro com a saída dos programas. Mostrar,
principalmente, pessoas que já não precisam mais receber ajuda.
Dar
destaque também aos casos em que a fiscalização descobre e
descredencia pessoas que recebiam os benefícios sem merecer. Mostrar
também as realizações do governo.
Nenhuma
dessas informações deve ser partidarizada ou direcionada, pois não
é preciso. Basta que a verdade sem filtros possa chegar às pessoas
através de novos meios que as tornem independentes da grande mídia
para obter as informações.
No
próximo texto vamos escrever sobre a necessidade de aprofundamento
e garantia das conquistas da nova classe social emergente.
Continua... Clique aqui.
A CONQUISTA DA CLASSE C – Parte I
O PT venceu as eleições de
outubro/2014 contra todo o poderio econômico e midiático da elite e
da classe média alta. Venceu com a força do povo. Bela frase de
efeito. Mas... quem é esse povo?
Lendo Rudá Ricci 1,
(e aqui recorro a artigo de 2010) posso concluir que há cada vez
menos povão e mais classe média. Ricci informa que os brasileiros
com “renda mensal entre R$
1.064 e R$ 4.591 2”
já eram quase 92 milhões de pessoas naquele distante 2010. Entre
2004 e 2014, 51 milhões de pessoas mudaram de classe social para
posição superior à que se encontravam antes.
A ascensão ocorreu em todos os
estados brasileiros, mas o avanço foi mais veloz para os moradores
do campo 3
do que os residentes nas cidades, mais no Norte e Nordeste do que nas
outras regiões do país. Esse movimento foi causado, segundo Ricci,
muito mais pela recuperação do salário mínimo do que pelos
programas sociais, como o Bolsa Família.
Essa classe alcançou um padrão de
consumo para seus filhos ao qual os pais não tiveram acesso na mesma
idade: cursos técnicos e universitários, o PROUNI e o PRONATEC,
poder de compra que trouxe para dentro de casa móveis e
eletrodomésticos novos, computadores, tablets e smatphones, TV por
assinatura, carrinhos bem mais cheios no supermercado e, em muitos
casos, planos de saúde.
Com informações do texto “45
Curiosidades sobre a Nova Classe Média” 4,
podemos afirmar que o poder de compra da nova classe média é de
46,24%, superando a classe alta; que a maioria de seus componentes é
jovem e negra; seus jovens tem maior escolaridade que os pais, são
conectados e se transformaram nos formadores de opinião de suas
comunidades em um ambiente no qual há mais confiança na informação
de parentes e conhecidos do que nos meios de comunicação.
Do mesmo texto extraímos que a nova
classe média cultiva os valores do trabalho e do esforço próprios,
deseja respeito, “têm a
ambição de "subir na vida", viver melhor, consumir mais
e, portanto, aprender e se qualificar a fim de gerar a renda
consentânea com essa forma de viver. (Bolívar)”5
e está migrando da saúde e educação públicas para os planos de
saúde e as escolas particulares.
O texto apresenta uma definição
básica do imenso grupo social:
O
mundo dessas pessoas ainda é pequeno, restrito à família, ao
bairro, às suas preocupações mais imediatas. Ela pretende que a
sociedade e o Estado lhe deem mais daquilo que já tem, mas não
realidades, propostas e possibilidades diferentes. É religiosamente
também conservadora, no sentido de que ainda mantém os laços
religiosos provindos, na sua maioria, de igrejas evangélicas. Por
isso mesmo são conservadoras também. Muitos são o primeiro
universitário da família. Escolhem a faculdade de grife, mas que
não seja muito cara, um curso não muito exigente, mas aquele que
foi possível entrar. Muitos não se envolvem com o ambiente
universitário, mas querem ter o diploma. Ainda não viram muita
efetividade em uma escolaridade maior. Interessante é que muitos não
têm ainda segurança nessa nova posição. Estão endividados, não
têm perspectiva de futuro muito clara, e os laços anteriores, que
são sua rede de sustentação, se mantêm. Essa rede é representada
pelos hábitos, pela cultura, pela religião e pelos relacionamentos
comunitários do seu bairro. (Jorge Cláudio Ribeiro)
A ascensão dessa multidão criou um
mercado consumidor nacional capaz de sustentar e salvar o Brasil dos
piores efeitos da crise internacional iniciada em 2008 e ainda não
superada totalmente. Enquanto países como Portugal e Grécia foram
ao fundo do poço das políticas neoliberais, e a Espanha amargou um
desemprego superior a 20%, nossas taxas de desemprego vêm caindo ano
a ano, chegando a 2014 com os menores números da História.
Assim sendo, não é de se estranhar
que essa classe tenha votado majoritariamente no PT nas últimas 3
eleições presidenciais, em especial os que vivem no Norte e
Nordeste do país, onde as conquistas sociais tiveram efeito mais
visível.
Na eleição de 2014, porém, um
sentimento de mudança predominou, mesmo entre essa classe, nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, exceção feita ao RJ e MG.
Se, em números totais, a Presidenta
Dilma obteve mais votos nessas regiões (54,82%: 29.875.512,8) do que
no Norte e Nordeste (45,08%: 24.569.103,9), em termos percentuais a
votação foi bem inferior a de seu adversário (57,5% x 42,5% pró
Aécio no Sul/Sudeste/Centro-Oeste e 64,11% x 35,89% pró Dilma no
Norte/Nordeste), mostrando que o discurso da oposição avançou na
classe que teria menos motivos para desejar a volta das políticas
neoliberais do governo Fernando Henrique. Por que isso ocorreu?
As características da chamada Classe
C, que vimos acima, tais como valorização do esforço próprio,
busca de melhor qualificação, etc, pode ter encontrado eco, dentro
das grandes cidades, na pregação oposicionista, que buscou, em
princípio, demonizar os programas sociais, taxando-os de esmola. A
ideia de uns trabalharem enquanto outros recebem ajuda vai na direção
contrária ao esforço do self-made-man tupiniquim. E a corrupção
mais ainda.
Evidentemente essa apresentação é
distorcida e mesmo mentirosa, mas aqui entram em cena os outros
fatores que, a nosso ver, foram muito mais importantes para
determinar o voto oposicionista nas três regiões Centro-Sul do
Brasil e sobre os quais vamos discorrer separadamente:
- Desinformação ou distorção da informação proposital pela mídia;
- Acesso ainda limitado aos meios de informação alternativos;
- Falha na comunicação do governo;
- Ausência de políticas que aprofundem e garantam as conquistas da nova classe;
- Permitir, por ideologia, que a direita assuma totalmente a guarda de algumas bandeiras que encontram penetração em uma parcela significativa da população;
- Inação política, falta de reformas sociais;
Nas próximas semanas vamos escrever
propostas sobre como atacar cada um destes itens. Não se trata
evidentemente de propostas peremptórias, mas de ideias para serem
debatidas, aperfeiçoadas e, quem sabe, levadas a conhecimento de
quem pode fazer alguma coisa.
Como os três primeiros itens estão
relacionados, vamos tratá-los todos no próximo texto. Clique aqui.
Continua...
1Sociólogo,
Doutor em Ciências Sociais, do Fórum Brasil de Orçamento e do
Observatório Internacional da Democracia Participativa.
2RICCI,
Rudá. O Maior Fenômeno Sociológico do Brasil: a nova classe
média. Escola de Governo.
Disp:
http://www.escoladegoverno.org.br/artigos/209-nova-classe-media -
27/10/2014
3Dados
extraídos da reportagem é de Mauro Zanatta e publicada pelo jornal
Valor, 21-12-2010. Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/39469-renda-sobe-e-classe-media-vira-maioria-no-campo
- 27/10/2014
4http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?page_id=58
- 27/10/2014
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